O pé diabético e o risco relacionado às feridas

Pés apoiados em uma pedra

O pé diabético e o risco relacionado às feridas

O diabetes mellitus é considerado uma das principais causas de morbimortalidade global em doenças crônicas nos adultos segundo a Federação Internacional do Diabetes e uma de suas principais complicações é a patologia do pé diabético em virtude de neuropatia periférica. Somente na América Latina, estima-se que existam 24 milhões de pacientes com DM2 e que até 2035 esse número aumente em 60%. Esta alta prevalência do DM2 está relacionada à urbanização, transição epidemiológica e nutricional, baixa frequência de atividade física, sobrepeso e obesidade além do crescimento e aumento da sobrevida da população.

Devido à incapacidade gerada e suas repercussões na qualidade de vida das pessoas que sofrem com tal doença, o pé diabético caracteriza-se como um importante problema de saúde pública, pois é a principal causa de internação e de gastos hospitalares de pacientes com diabetes mellitus.. A prevalência destas ulcerações do pé na população diabética são de 4-10%. De 10 a 15% das úlceras nos pés permanecerão ativas e 5-24% delas acabarão levando à amputação de um membro dentro de um período de 6 a 18 meses após a primeira avaliação.

Dessa forma, quando comparado aos não diabéticos, a necessidade de amputação é aproximadamente 30 a 40 vezes maior em pacientes com diabetes mellitus tipo 2. Essa necessidade de amputação reflete-se na taxa de mortalidade em pacientes diabéticos, com 5 milhões de mortes decorrentes ao diabetes registrado em 2015, sendo que os pacientes com úlceras acabam por consequência tendo o dobro de risco de mortalidade em relação aos não diabéticos.

Em virtude de tal complicação do pé diabético, segundo a Infectious Diseases Society of America, a infecção da úlcera pode ser classificada como leve, moderada e grave. A infecção é considerada leve quando não há comprometimento de estruturas teciduais, como músculo, tendão, osso ou articulação. A classificação moderada é atribuída quando há comprometimento dessas estruturas teciduais com risco de amputação do membro inferior. Por fim a infecção é considerada grave quando, além do comprometimento das estruturas teciduais, existe a associação de sepse generalizada às alterações hemodinâmicas e metabólicas graves, com risco de levar o paciente a óbito.

Tais amputações ocorrem, pois os problemas neuropáticos também produzem, simultaneamente, dor, queimação e ardor, diminuição da sensibilidade, fraqueza nas pernas e pés, junto a uma ausência dos reflexos do joelho e pés. Esses sintomas comprometem o paciente de estar atento à identificação precoce desses sinais que podem conduzir à perda de parte ou de todo o pé.

Em virtude dessa diminuição de sensibilidade o paciente deve ficar mais atento a calosidades nos pés que possam gerar possíveis úlceras. Ademais, deve-se orientar o uso de sapatos folgados para não haver pressão e nem mesmo menor fluxo de sangue nestes pacientes. Também deve-se cuidar o exagero de pressão/apoio em apenas um local do pé , podendo gerar inflamações e posteriormente úlceras.

Classificando a gravidade da infecção permitimos que o médico determine o tratamento adequado para o paciente, que pode ser medicamentoso (antibioticoterapia) e/ou cirúrgico. Em geral as infecções das úlceras em pés diabéticos são principalmente polimicrobianas, ou seja, há presença de mais de uma espécie de bactérias. Tal situação pode dificultar a cicatrização da úlcera devido a fatores de virulência que são secretados pelas diferentes espécies de bactérias presentes na infecção e, por conseguinte podem levar a amputação e óbito. Além disso, novas infecções também pode causar atraso na cicatrização das úlceras e piorar o prognóstico dos pacientes.

Por fim relembra-se que a educação em saúde é fundamental para redução de maiores danos e complicações relacionadas ao pé diabético. A educação para o autocuidado é a forma de prevenir e tratar complicações de doenças crônicas, pois propicia o envolvimento da pessoa em seu tratamento, produzindo maior adesão ao esquema terapêutico, minimizando complicações e incapacidades associadas aos problemas crônicos. Além disso, o paciente já demonstrando sinais de pé diabético tem de cuidar seus níveis glicêmicos para prevenir demais agravos da neuropatia periférica.

Dr. Felipe Zoppas – Cirurgião Vascular | RQE 18305
Dr. Herton Lopes – Cirurgião Vascular | RQE 15286
Dr. Roberto Heck – Cirurgião Vascular | RQE 35545
Dr. Vinícius Lain – Cirurgião Vascular | RQE 20132/20232

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