A gravidez e o período pós-parto são fatores de risco bem estabelecidos para tromboembolismo venoso (TEV), que ocorre com uma prevalência de 1 em 1600. A sobreposição com os sintomas da gravidez pode prejudicar a suspeita clínica, tornando o diagnóstico de TEV mais desafiador. A gravidez, por si só, é um fator de risco para o desenvolvimento de tromboembolismo venoso, com uma incidência relatada 4 a 50 vezes maior em comparação com mulheres não grávidas. O risco aumentado de TEV é mais alto no período pós-parto, com uma prevalência de coágulo maior que o normal na perna esquerda e na pelve. Além disso, o risco é aumentado ainda mais em mulheres com trombofilias herdadas.
O TEV pode se manifestar durante a gravidez, pois um trombo presente nas veias profundas dos membros inferiores ou coágulo pode se romper e ir para o pulmão e se apresentar como embolia pulmonar (EP). A EP é a sétima principal causa de mortalidade materna, responsável por 9% das mortes maternas. Assim, a detecção de TVP durante a gravidez é fundamental para evitar mortes.
Comparado à população não gestante, o risco de TEV é maior em todas as fases da gravidez. No entanto, é maior no período pós-parto, onde o TEV é duas a cinco vezes mais comum. O risco é mais alto nas primeiras seis semanas pós-parto e diminui para taxas que se aproximam da população em geral em cerca de 13 a 18 semanas.
Fatores comumente citados que aumentam o risco de TEV pós-parto incluem:
•Cesariana, principalmente a de emergência;
•Doenças como varizes, doença cardíaca e doença inflamatória intestinal;
•IMC ≥25 kg/m2;
•Idade gestacional jovem (parto prematuro <36 semanas);
•Sangramento no parto;
•Natimorto;
•Idade materna aumentada ≥ 35 anos;
•Hipertensão;
•Fumar;
•Eclampsia ou pré-eclâmpsia;
•Infecção pós-parto.
A maioria das tromboses venosas profundas dos membros inferiores durante a gravidez é do lado esquerdo. Nenhum estudo descreve um aumento da incidência de TVP nos membros superiores durante a gravidez ou o pós-parto.
APRESENTAÇÃO CLÍNICA: a apresentação clínica da TVP durante a gravidez é idêntica à das mulheres não grávidas.
Sinais e sintomas sugestivos de trombose venosa proximal são dor difusa e inchaço que podem ou não estar associados a eritema (vermelhidão), calor e sensibilidade da extremidade inferior. Dependendo da veia acometida, os sintomas da trombose podem incluir inchaço de toda a perna, abdome inferior, nádega ou dor nas costas.
Os sinais e sintomas clínicos da TVP são mascarados por muitas das alterações fisiológicas normais incluídas na gravidez (por exemplo, edema e cãibras nos membros inferiores).
A suspeita clínica de TVP deve ser alta no cenário da gravidez. Embora nem sempre estejam presentes, os aspectos altamente sugestivos do diagnóstico incluem sinais e sintomas unilaterais. Tais sintomas devem levar a uma investigação imediata da TVP.
Dr. Felipe Zoppas – Cirurgião Vascular | RQE 18305
Dr. Herton Lopes – Cirurgião Vascular | RQE 15286
Dr. Roberto Heck – Cirurgião Vascular | RQE 35545
Dr. Vinícius Lain – Cirurgião Vascular | RQE 20132/20232
Referência: MALHOTRA, Atul; WEINBERGER, Steven e. Deep vein thrombosis in pregnancy: Epidemiology, pathogenesis, and diagnosis. Uptodate, 01 nov. 2018. Disponível em: <https://www.uptodate.com/contents/deep-vein-thrombosis-in-pregnancy-epidemiology-pathogenesis-and-diagnosis?search=trombose%20venosa%20profunda%20na%20gravidez&source=search_result&selectedTitle=2~150&usage_type=default&display_rank=2>. Acesso em: 07 set. 2019.