Os objetivos do tratamento para pacientes com doença venosa crônica incluem melhora dos sintomas, redução do edema, tratamento da lipodermatosclerose (endurecimento e hiperpigmentação da pele) e cicatrização de úlceras.
MEDIDAS GERAIS: melhoram o transporte de oxigênio para a pele e tecidos subcutâneos, diminuem o edema, reduzem a inflamação e podem ser utilizadas para qualquer paciente com sintomas e sinais de doença venosa crônica.
- Elevação das pernas: a elevação das pernas no nível do coração por 30 minutos, três ou quatro vezes por dia, melhora a microcirculação da pele e reduz o edema (inchaço) em pacientes com doença venosa crônica. A elevação dos pés abaixo do nível do coração é ineficaz para reduzir a hipertensão venosa.
- Exercício físico: caminhadas diárias e exercícios de flexão do tornozelo enquanto estão sentados são estratégias baratas e seguras no tratamento da doença venosa crônica.
TERAPIA DE COMPRESSÃO: a terapia de compressão estática (com meias de compressão) é um componente essencial no tratamento da doença venosa crônica.
TERAPIA FARMACOLÓGICA: uma variedade de medicamentos tem sido usada no tratamento de doenças venosas crônicas. São eles:
– Drogas venoativas
– Hidroxietilrutosídeo
– Escin (extrato de semente de castanha da Índia)
– Fração de flavonóide purificada micronizada (MPFF)
– Aspirina
– Estanozolol
– Pentoxifilina
– Análogos da prostaciclina
– Sulodexide
– Desfibrotídeo
CUIDADOS COM A PELE
- Dermatite de estase: causada quando o sangue venoso não retorna ao coração. Manifesta-se como uma combinação de prurido (coceira), deposição de hemossiderina (pigmentação acastanhada na pele), eritema (vermelhidão na pele) e descamação e é frequentemente observada em doenças mais avançadas. O prurido pode ser intenso e, às vezes, ocorre formação de bolhas e exsudação.
O cuidado adequado da pele inclui a limpeza da pele e o uso de emolientes e/ou preparações para ajudar a manter uma barreira intacta da pele. A prevenção do ressecamento e a redução do prurido são importantes para evitar o desenvolvimento de ulceração da pele. Os sintomas podem exigir tratamento da ferida com corticosteróides tópicos de média potência.
- Dermatite de contato: ocorre mais rapidamente em áreas de dermatite de estase. A dermatite de contato na insuficiência venosa crônica é comum. Os sintomas incluem vermelhidão, prurido e formação de vesículas ou bolhas. Alguns pacientes desenvolvem erupção cutânea eczematosa (inflamação na pele) em outras áreas do corpo. A dermatite de contato também pode desenvolver uma úlcera em pacientes com insuficiência venosa. O uso rotineiro de antibióticos sistêmicos ou tópicos também pode aumentar a incidência de dermatite de contato.
CUIDADOS COM AS ÚLCERAS
As úlceras venosas crônicas são difíceis de tratar. Além de fornecer terapia de compressão apropriada, o tratamento local de úlceras venosas crônicas inclui o uso de técnicas básicas de tratamento de feridas (desbridamento, curativos) que minimizam a infecção e facilitam a cicatrização, mas também abordam problemas que afetam o bem-estar do paciente, como odor, sangramento, coceira, excesso de exsudato e dor.
- Desbridamento por úlcera: é um componente essencial no tratamento de úlceras venosas. A presença de tecido desvitalizado aumenta o potencial de infecção bacteriana local e sistêmica, reduz as taxas de cicatrização de feridas e reduz a eficácia de terapias tópicas e antibióticos sistêmicos. A remoção do tecido morto em úlceras venosas, usando métodos cirúrgicos, enzimáticos ou biológicos, auxilia na formação de tecido saudável e melhora a reepitelização.
- Papel dos antibióticos sistêmicos: devem ser usados apenas em pacientes com sinais e sintomas de celulite aguda ou úlcera infectada. O uso constante de antibióticos em úlceras não infectadas não reduz a colonização bacteriana ou melhora as taxas de cicatrização, mas pode causar o surgimento de organismos resistentes.
- Agentes tópicos: as taxas de cicatrização da úlcera não são melhoradas com o uso da maioria dos agentes tópicos, como antissépticos tópicos e antibióticos tópicos. Muitos produtos aplicados topicamente são irritantes e podem causar sensibilização por contato ou são citotóxicos, resultando em cicatrização atrasada. As evidências atuais não indicam o uso rotineiro do mel.
- Curativos para úlcera: os curativos controlam o exsudato (saída de secreção), mantêm o equilíbrio da umidade, controlam o odor e ajudam a controlar a dor. Os curativos também mantêm um ambiente que facilita a epitelização e acelera a cicatrização da úlcera. As opções para curar ulcerações venosas incluem películas adesivas semipermeáveis, curativos simples não aderentes, gaze de parafina, hidrogéis, hidrocolóides, alginatos e curativos ou espumas impregnados de prata.
- Cobertura de feridas: estudos cirúrgicos e opinião de especialistas apóiam o papel do enxerto de pele para úlceras venosas muito grandes ou para úlceras presentes por mais de 12 meses.
CURA E RECORRÊNCIA DE ÚLCERA: uso continuado de meias de compressão após a cicatrização da úlcera reduz a recorrência e os pacientes devem receber a compressão mais forte (até 40 mmHg).
Pacientes com úlceras que persistem por mais de seis meses ou com úlceras recorrentes devem ser submetidos a ultrassonografia dúplex venosa para identificar segmentos de incompetência venosa passíveis de terapias de ablação venosa.
INDICAÇÕES PARA ESPECIALISTA: O suprimento sanguíneo inadequado de uma ferida devido a doença arterial é uma causa muito mais comum de úlceras venosas que não cicatrizam do que o tratamento inadequado das úlceras. O encaminhamento para o subespecialista é recomendado para os seguintes problemas:
– Insuficiência arterial
– Úlceras que não cicatrizam
– Recorrência de úlcera
– Dermatite de estase persistente
– Suspeita de dermatite de contato
– Celulite resistente ou recorrente
– Incerteza diagnóstica
Dr. Felipe Zoppas – Cirurgião Vascular | RQE 18305
Dr. Herton Lopes – Cirurgião Vascular | RQE 15286
Dr. Roberto Heck – Cirurgião Vascular | RQE 35545
Dr. Vinícius Lain – Cirurgião Vascular | RQE 20132/20232
Referência: ALGUIRE, Patrick C; MATHES, Barbara M. Medical Management of Lower Extremity Chronic Venous Disease. Uptodate, 12 fev. 2019. Disponível em: <https://www.uptodate.com/contents/medical-management-of-lower-extremity-chronic-venous disease? Acesso em: 06 set. 2019.