O que é Flebite?
A flebite é a inflamação da camada íntima de alguma veia do organismo, geralmente, por resposta à lesão tecidual causada pela inserção e utilização de cateteres venosos periféricos (CVPs), além de medicamentos neles administrados como a dopamina, betabloqueadores/adrenalina, gluconato de cálcio, solução isotônica de glicose, cloreto de potássio, nutrição parenteral, bicarbonato de sódio, vários tipos de antimicrobianos, soluções e medicamentos quimioterápicos. A terapia intravenosa é um procedimento técnico-científico de extrema importância a nível hospitalar, sendo realizado pela equipe de enfermagem local, geralmente na região dorsal de mãos e antebraço.
Os fatores de risco para a flebite são inúmeros, dentre eles os mais importantes são o tempo de permanência do cateter, local de onde foi feita a punção, uso de antibióticos, tempo de internação, intervenção de urgência, sexo, quantidade de acessos que foi realizado no mesmo paciente. Ademais, são fatores de risco quaisquer condições que prejudiquem a circulação como tabagismo. Estudos apontam que mais de 50% dos acometidos tenham mais de 60 anos de idade, e que a prevalência seja maior em mulheres, ainda sem uma justificativa precisa para isso.
O próprio material do CVP pode também interferir na maior prevalência da flebite, estudos mostram que principalmente o PTFE (Politetrafluoretileno, Teflon®) é 30% maior causador do quadro do que os cateteres de poliuretano (Vialone®). Além do que a escolha de um cateter de diâmetro inadequado pode aumentar o risco de flebite, risco esse aumentado proporcionalmente ao diâmetro.
Suas principais manifestações clínicas são rubor, eritema, dor, edema, cordão venoso palpável. Os sinais e sintomas podem ser percebidas, em sua maioria, nas primeiras 72 horas após a inserção do CVP, com maior percentual nas primeiras 24 horas. Deve ser reforçada a necessecidade de que o CVP seja retirado imediatamente após detecção de sintomas, a retirada após a queixa de dor pode algumas vezes até frear todo o processo patológico.
Como a flebite se classifica?
A flebite pode ser classificada em quatro estágios a depender dos sinais clínicos apresentados pelo paciente:
Estágio 1: eritema ao redor do CVP, com ou sem dor local;
Estágio 2: dor local com eritema e/ou edema;
Estágio 3: dor local com eritema, endurecimento e formação de cordão venoso palpável;
Estágio 4: dor local com eritema, endurecimento com cordão venoso palpável > 1 polegada com drenagem purulenta;
Além da classificação que pode receber de acordo com os fatores etiológicos em flebite mecânica, bacteriana, pós-infusional e química.
A fixação e estabilização adequadas, bem como o diâmetro adequado minimizam o risco de flebite. É comum que as manifestações regridam dentro de poucos dias com medidas tradicionais como elevação de quatro membros e uso de compressas mornas e umidecidas. A inflamação é a primeira a regredir, sendo a dor persistente por semanas, é recomendado o uso de analgésicos, anti-inflamatórios não esteroidais e meias de compressa. Nos casos mais graves é recomendada a anticoagulação para profilaxia a eventos trombóticos. Na flebite que assola a virilha, por exemplo, é recomendada intervençõ cirúrgica urgente para laquear a veia superficial.
De acordo com a Infusion Nurses Society a taxa aceitável de flebite no serviço hospitalar deve ser de 5% apenas. É necessário que haja aperfeiçoamentos e adequadas capacitações desses profissionais visando o mínimo de dano possível para o paciente, já que a flebite é uma inflamação que pode abrir portas para acometimentos mais graves a exemplo da tromboflebite e infecções de corrente sanguínea.
Dr. Felipe Zoppas – Cirurgião Vascular | RQE 18305
Dr. Herton Lopes – Cirurgião Vascular | RQE 15286
Dr. Roberto Heck – Cirurgião Vascular | RQE 35545
Dr. Vinícius Lain – Cirurgião Vascular | RQE 20132/20232
Referências
1- Urbanetto JS, Freitas APC, Oliveira APR, Santos JCR, Muniz FOM, Silva RM, et al. Fatores de risco para o desenvolvimento da flebite: revisão integrativa da literatura. Rev Gaúcha Enferm. 2017;38(4):e57489. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1983- 1447.2017.04.57489.
2- BRAGA, Luciene Muniz et al . Flebite e infiltração: traumas vasculares associados ao cateter venoso periférico. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto , v. 26, e3002, 2018 .
3- URBANETTO, Janete de Souza et al . Incidência de flebite e flebite pós-infusional em adultos hospitalizados. Rev. Gaúcha Enferm., Porto Alegre , v. 38, n. 2, e58793, 2017 .
4- Tagalakis V, Kahn SR, Libman M, Blostein M. The
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